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Pandemias: Consequências históricas e sociopolíticas

Roteiro do mini documentário:
“Pandemias: Consequências históricas e sociopolíticas”
Para cada ação, existe uma reação. Seguindo o princípio físico, a força de reação tem a mesma intensidade da força de ação, mas em sentido oposto. Para conhecer as reações e consequências de uma pandemia, é necessário voltar um pouco no tempo, mais precisamente para a Idade Antiga [Informação sobre tela: de 4 000 a.C. a 3 500 a.C.].

Os primeiros registros históricos de pandemias originam-se da bacia mediterrânica [Informação sobre tela: Egito, Grécia, Roma, Mesopotâmia etc.] além dos próprios termos utilizados como; epidemia, pandemia peste e praga.

Na nossa jornada vamos perceber que grandes transformações, entrelaçando fatores sócio-políticos e econômicos, foram possibilitadas em decorrência de alguma pandemia. Sendo uma das grandes epidemias da história, datada em 541 D.C, no século VI, no império Bizantino, a Peste de Justiniano, ou como ficou popularmente conhecida, a Peste Negra, matou 40% de toda a população da Europa. Contabilizando cem mil mortes pelo mundo. Demorou quase dois séculos para que a população anterior a peste pudesse ser alcançada novamente.

[Informação na tela: A Peste Negra]
Causada pela bactéria Yersinia Pestis, a doença vinda de ratos e outros animais, infectou pulgas e piolhos que, ao ter contato com humanos, atingiu uma rápida proliferação. Estamos falando de uma época em que não se tinha certeza sobre qual seria o fator principal da doença. Então, o que se resolveria com saneamento básico e melhores hábitos de higiene, acabou por atingir grandes cidades.

Pela rápida proliferação, o medo e o desespero emergem entre a população da Europa. Quando uma doença sem aparente explicação surge numa época menos avançada da ciência e da medicina, manifestam-se, também, problemas socioculturais como a xenofobia, onde povos de diferentes regiões se evitavam e culpabilizavam uns aos outros pela praga. Acreditava-se que a maldição divina poderia ser revestida com autoflagelação, penitência e arrependimento de pecados. [Informação em tela: cenas do filme O Sétimo Selo].
Como um dos pilares dos anos da peste, esse acontecimento inspirou artistas com o tema da morte, tratando da sua inevitabilidade, medo e proximidade. Tendo como grande representação “A Dança da Morte”, gravura popular que representava a morte como um esqueleto que dançava com todos, do papa, reis e até camponeses sobre uma sepultura.
As consequências da grande peste geraram a falta da mão de obra e, ironicamente, o aumento de salários sendo, paradoxalmente, o século XV o mais abundante em qualidade de vida. Além disso, ocorreu a abolição parcial de obrigações em feudos. Na zona rural, a falta de mão de obra foi um fator importante para criações de novas tecnologias para a agricultura.

O termo “quarentena” foi criado na Itália durante a proliferação da Peste Negra para nomear o período de 40 dias de isolamento que a população precisou fazer. O posicionamento seria copiado futuramente em outros episódios de epidemias na história.

[Informação na tela: Ebola]
Dando um salto no tempo para abordar o que pode ter sido uma das maiores epidemias que já assustaram o mundo, a Ebola, uma doença hemorrágica e altamente infecciosa, apresentou surtos pontuais em 1995, 2000, 2007, e 2014, principalmente no continente africano.
A OMS determinou estado de emergência sanitária mundial com o objetivo de parar e conter a epidemia em seus países de origem.  Sua transmissão pode acontecer com o encontro de fluidos de animais com humanos, como sangue, saliva, lagrimas, suor, urina e fezes.
As consequências do vírus da Ebola para a economia do continente africano foram determinantes. Muitas empresas estrangeiras decidiram sair dos países mais afetados, como Guine, Serra Leoa e Libéria, causando uma grande onda de desemprego e provocando a redução de 2% do PIB dos territórios mais atingidos.
Em novembro de 2020 a União Europeia aprovou uma vacina contra o vírus da Ebola. De acordo com a empresa responsável pela vacina, a farmacêutica Janssen, o medicamento traz imunizantes duradouros tanto para crianças quanto para adultos. A tecnologia e os métodos utilizados para a descoberta do imunizante seriam essenciais futuramente, pois serviriam como base para os estudos da COVID-19.

[Informação na tela: COVID-19]
Falando nisso, pouco tempo depois o mundo voltou a enfrentar mais um vírus. Os primeiros indícios da COVID ocorreram durante o fim do ano de 2019, quando surtos da doença começaram a atingir a cidade de Wuhan, na China.
Medidas como a quarentena e o isolamento de toda a população voltaram a se tornar uma realidade, assim como havia acontecido durante a luta contra a Peste Negra. Promovendo impactos econômicos e sociais, os projetos de prevenção e combate a doença se tornaram pauta política e de negociações internacionais. A taxa de desemprego em países da América Latina chegou a atingir 10% em 2020.
O vírus também promoveu consequências nos estudos de tratamento do vírus HIV. Os centros que há 40 anos eram utilizados para estudos a respeito da vacina contra o HIV receberam incentivos financeiros e suporte de cientistas que resultaram na descoberta de uma das vacinas para a COVD-19.
Em 20 de abril de 2021, em apresentação para investidores, a empresa Moderna anunciou o desenvolvimento de imunizantes contra o HIV a partir da mesma tecnologia usada contra a COVID-19.
Os especialistas, no entanto, são cautelosos. As pesquisas resultam da colaboração com os Institutos Nacionais de Saúde, Scripps Research e a Fundação Gates, entre outros parceiros.
[Cenas em flashback de pessoas ao redor do mundo usando máscara]
Para cada ação, existe uma reação. Seguindo o princípio físico, a força de reação tem a mesma intensidade da força de ação, mas em sentido oposto.
Todas as pandemias proporcionaram consequências difíceis e transformadoras. O mundo está aprendendo a ganhar algumas batalhas enquanto perde outras. Se adaptando, se transformando e se moldando da forma como é necessária para sobreviver. Novas informações, novos problemas, novas soluções e novas realidades... o que chamamos de consequência do que já é uma consequência.
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